Os saudáveis de plantão que me desculpem, mas o junk voltou à moda. Depois de alguns anos sendo subjugado pelas correntes naturebas, o junk food voltou a ganhar força e não é mais considerado uma categoria alimentar inferior, pelo contrário.
A expressão “junk food”, ou “comida lixo”, se formos traduzir o inglês literal, é utilizada para designar alimentos com alto teor calórico e níveis reduzidos de nutrientes. No entanto, podemos perceber uma certa incoerência nessas classificações: enquanto um lanche do McDonald’s é considerado junk, o mesmo prato consumido em um restaurante de hamburguer gourmet, não é, por exemplo. Há correntes que defendem ainda que os carboidratos, como o pão e o arroz branco, também devem ser taxados de junk, visto que seus valores calóricos são muito maiores que os dos carboidratos integrais.
Com exceção dos adeptos de filosofias de vida mais radicais, todo mundo gosta de comer besteira. Digo mais, se não houvesse contraindicações, comeríamos, praticamente, só isso. Devido a crescente taxa de obesidade e de problemas relacionados com a má alimentação, no entanto, o junk food foi praticamente demonizado e o assunto virou uma questão social: não deve se tornar público hábitos que sejam saudavelmente incorretos. E foi nas redes sociais que percebemos esse movimento. Foto de comida saudável entrou para o top five de conteúdos publicados. Mesmo que a salada fosse consumida apenas uma vez durante toda a semana, era ela que ia para o Instagram. E as “curtidas”? Todas para dar apoio moral, visto que ninguém pode amar desesperadamente comer um prato de salada e, muito menos, ter prazer ao ver uma foto do gênero.
Há pouco tempo, finalmente, algumas pessoas começaram a se dar conta de que queremos ver fotos daquilo que realmente desejamos comer. Foi o caso dos criadores do Relaxume Guide: “um guia que vai em busca do que há de mais Relaxume em Porto Alegre, vamos dar as barbadas e mostrar os lugares alternativos, obscuros e trashes da cidade, com o objetivo de fugir da rota turística normal e coxinha da cidade.”, como eles mesmo se descrevem. A ideia é divulgar lugares e comidas que muitas vezes são desdenhados socialmente, mas que no fundo agradam a todos. Xis, pastel, cachorro quente, são alguns exemplos de comidas típicas do Relaxume. Diariamente, dezenas de fotos são publicadas utilizando a hashtag #relaxume.
Dessa forma, o junk vai recuperando seu status. Status que no paladar, tenho certeza, nunca foi perdido.