De acordo com o levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a média de lixo gerado por pessoa no país foi de 378 quilos (kg) em 2010, montante 5,3% superior ao de 2009 (359 kg). Ao longo de 2010, o montante chegou a 60,8 milhões de toneladas de lixo. Dessas, 6,5 milhões de toneladas não foram coletadas e acabaram em rios, córregos e terrenos baldios. Do total de resíduos produzidos, 42,4%, ou 22,9 milhões de toneladas/ano, não receberam destinação adequada: foram para lixões ou aterros controlados (que não têm tratamento de gases e chorume).
A coleta seletiva é um problema que atinge países em desenvolvimento como o Brasil. Dos 5565 municípos do país, cerca de 2360 não possuem iniciativa para a coleta. Uma triste realidade se pensarmos que os resíduos descartados vão parar em qualquer lugar ou em lugares inapropriados podendo prejudicar nossa saúde ao contaminar o solo, a água e o ar. Entretanto, é esperançoso pensar que mais da metade dos municípos brasileiros apresentam alguma iniciativa para tal coleta. Uma das cidades brasileiras que vem se destacando na área é Caxias do Sul, na Serra Gaúcha do Rio Grande do Sul.
Desde 2007, Caxias do Sul é o modelo nacional em reciclagem de lixo devido a implantação de containers verdes (para material orgânico) e amarelos (para resíduos recicláveis) pelas ruas da cidade. E, para completar, agora Caxias do Sul é símbolo de inteligência devido a criação de um programa que troca lixo por comida. É bem isso mesmo, na cidade gaúcha é possível trocar 4kg de lixo reciclável por 1kg de frutas, hortaliças e verduras.
A idéia nasceu em 2009, quando a prefeitura se deu conta de que era necessário incentivar a separação do lixo nas periferias dacidade, uma vez que o relevo acidentado nos bairros dficultava o acesso dos carros de coleta. Então, os moradores passaram a separar o lixo de suas casas e da comunidade para trocar por alimentos. As trocas acontecem todos os sábados e os alimentos são provenientes de agricultores da região. O programa beneficia 16 bairros da cidade, gera 450 empregos e atende cerca de 1.500 pessoas. Dessa maneira, Caxias do Sul recicla cerca de 25% do lixo que produz, enquanto São Paulo recicla só 1,5%.
BOM SABER…
Iniciativas como essa me fazem refletir. Sou da Serra Gaúcha e tenho o maior orgulho em saber que os projetos vindos de lá são sinônimo de exemplo nacional e, porque não, internacional também. Sei das dificuldades que o Brasil enfrenta, dos inúmeros problemas que temos, do quanto as desigualdades sociais ainda são gritantes entre o Norte e o Sul do país. Tenho consciência que não é de hoje para amanhã que nos tornaremos uma Inglaterra da vida, uma Suíça, uma Dinamarca ou uma Finlândia com seus altos IDHs, afinal, eles são o “velho mundo” – anos-luz a nossa frente, civilizações milenares. Somos um país que cresce economicamente ao mesmo tempo em que sacrifica seus cidadãos por causa da violência, dos abusos, da corrupção e da falta de comprimisso moral e ético de figuras públicas que nos lideram. Somos um país que esqueceu, consideravelmente, o quanto vale o nosso meio ambiente, a nossa Amazonia, em detrimento de interesses desenvolvimentistas.
Entretanto, me alegra saber que, apesar de tudo, exitem cidadãos, políticos, jovens, donas de casa, trabalhadores e crianças, enfim, pessoas que se preocupam com o destino da nossa nação. Ações como essa de Caxias me tornam esperançosa, me fazem acreditar que ainda há uma solução.
(Crédito da foto: http://meuambienteconsciente.blogspot.com.br/2011/05/lixo.html)